Por Júlio César http://twitter.com/#!/jcientista
A ética parte da história dos homens: nossas realizações,
nossos desafios e nossas incoerências, sejam individuais ou coletivas. Tudo o
que fazemos cotidianamente, acaba sendo marcado por regras implícitas, normas,
referências, valores e princípios que são parte tácita do mundo e comunidade na
qual estamos imersos.
A reflexão sobre o comportamento ético, parte então deste
contexto de vida -individual e coletivo -questionando princípios, valores,
regras, etc., implícitos em nossas ações, bem como o reflexo destas ações sobre
o mundo e nossos semelhantes. Logo, a ética julga as relações humanas, conforme
seu contexto histórico.
A formação de comportamentos éticos, independente da
época, sempre foram essenciais para o convívio harmônico do ser humano, além do
que, tal formação é cada vez mais um desafio arrojado diante da vulnerabilidade
dos valores inerentes aos direitos humanos.
A ética está acima da moralidade.
Sua reflexão é a reflexão a respeito da moralidade. A moral possui caráter
prático, imediato e restrito. Já a ética produz uma reflexão sobre a moral,
procurando justificá-la, com o objetivo de orientar racionalmente as ações
humanas.
Desta feita, a ética e a moral são congruentes na medida em que
apontam como finalidade a construção de um caráter íntegro para o homem,
equivalente, portanto, às perspectivas dos Direitos Humanos. A moral está presente em
nosso discurso, influenciando nossos juízos e opiniões.
A ética reflete tais
juízos avaliando efetivamente se são importantes e podem ser entendidos como
uma boa conduta aplicável a todos os sujeitos, ou seja, se de caráter
universal. A ética promove modificações na moral, universalmente falando,
orientando de forma racional qual o melhor modo de vida humana.
Sobre as aplicações práticas da ética na esfera
pessoal e social, o exercício de colocar-se no lugar do outro antes de dar uma
resposta, antes de julgar, antes de tomar uma decisão, é primordial e nos ajuda
a ser coerentes e éticos, além de evitar desavenças ou injustiças.
A frase:
"faço assim porque quero" é famosa e bem freqüente aos nossos
ouvidos. Mas, seremos verdadeiramente homens éticos e justos na medida em que
colocarmos nossos desejos em um plano secundário, privilegiando o todo, o
comum, o conjunto, onde, na verdade, sempre estivemos inseridos.
Se os Direitos Humanos fundamentam-se na
preservação da vida e sua integridade física, moral e social, e se para
vivermos em plenitude é preciso usufruirmos do direito à liberdade, poderemos
preservá-la somente respeitando nosso semelhante. Portanto, tudo o que viola a
consecução normal da vida - sua liberdade, igualdade, etc. - transgride os
direitos fundamentais que nada mais são do que o direito de ser, de ser
diferente, de ter a liberdade e suas próprias crenças, de não sofrer a
discriminação por credo, raça, gênero, condição social, opção sexual, etc.
Daí
as dificuldades no exercício do comportamento ético, devido ao egoísmo inerente
ao caráter humano que nos abstrai da consciência coletiva e de respeito aos
direitos de ser de outros de nós.
OLIVEIRA (2004) fala um pouco sobre este
egoísmo nato: Em suma, o desafio fundamental de nosso século apresenta
como pressuposto básico a fundamentação de um horizonte de bens e valores
éticos de maneira universal, superando condutas arrogantes, egoístas e
facilmente corrompíveis. Um desafio coletivo, uma responsabilidade de cada
cidadão, independente de condição social, raça, credo, idade, para que de fato
afiancemos nossos ideais de um povo íntegro e de princípios humanistas.
Julio César
Pesquisador pelo Centro
Universitário Claretiano e Professor na área de Ciências humana.