Falar e ouvir, eis a questão!


Vivemos numa sociedade, cuja pressa do capitalismo, torna o ser humano cada vez mais egocêntrico. Cada um está preocupado simplesmente com seus interesses pessoais. Pois, o tempo tornou-se a sua prisão. Por isso, o ser humano está se tornando escravo do tempo e do sistema capitalista. Muitos estão sedentos de atenção. Gritam por alguém que o escute. Mas o egocentrismo humano, e ter o tempo como o mais importante que uma pessoa, tira-lhe a sensibilidade da escuta. Por que não sabemos escutar? Será que é a falta de tempo, ou é nosso egocentrismo que não nos permite?


"Escutar é diferente de ouvir. Ouvimos sons, ruídos ou palavras. Escutar é um ato próprio e exclusivo do ser humano. Ou seja, escutar é um ato consciente, voluntário e livre". Mas podemos pensar: somos nós que controlamos nossas ações, ou somos controlados por elas? Todo ser humano tem necessidade de ser ouvido por alguém. Essa é uma das grandes carências do ser humano: encontrar alguém que doe um pouquinho do seu tempo para o escutar. Quem sabe escutar, sem dúvida, sabe dialogar. Portanto, escutar não quer dizer ficar calado, mas, sim, captar a mensagem emitida pelo outro e respeitar, valorizar e acolher o outro numa autêntica aceitação.


Muitos só param para dispor do tempo, quando morre alguém, pois o vivo incomoda, o defunto não. Controlamos o nosso tempo, ou somos controlados por ele? O que leva o ser humano a não escutar: o egoísmo ou a escravização do sistema que o oprime? No entanto, muitos individualistas dizem que, se o povo passa fome, não tem emprego, moradia, saúde e dentre outras necessidades, o problema não é deles. Mas podemos nos perguntar: se queremos uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, o problema do outro não é nosso também? Haja visto que, ele faz parte da mesma sociedade, na qual, estamos inseridos. Portanto, eis aqui o grande desafio: a arte de escutar. Pois ela é difícil e requer muito esforço, atenção e constância como toda arte.


Nilton Gonçalves Menezes


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