Fábrica de consumidores

Era uma vez uma população de seres humanos bastantes estranhos. Era dominada por uma turma de outros seres humanos que os levava todos os dias, tal como gados, para as fábricas e escritórios, sem que eles nem pudessem reagir.



Não que eles fossem forçados a ir pelo domínio de uma polícia que os empurraria para uma espécie de curral; Não era assim que as coisas se passavam. A turma de cima era muito mais esperta e usava processo sofisticadíssimos, meios que faziam que os seres humanos nem percebiam que eram encurralados; muito antes pelo contrário: tinham a certeza que iam trabalhar com toda liberdade. o processo usado pela turma dominante era a educação. Desde o berço e depois na escola se mostrava que o objetivo da vida era a produção; sem produção não se podia viver nem sobreviver; sem produção não havia possibilidade de ganhar dinheiro; e com o dinheiro se podia comprar uma séria de coisas inúteis e ilusórias, como brincos, patinetes, rádios de pilhas, televisões, computadores, quadros, estátuas, vasos, etc.


E cada um comprava o que precisava e não precisava, também sem saber o que estava induzindo a consumir; como cada um tinha uma TV ou um rádio ou pelo menos compravam um jornal por dia, a turma de cima tinha montado um outro sistema reforçador da educação anterior: martelava a cabeça da população com anúncios, slogans, os mais diversos o que faziam com que todo mundo fossem para as lojas comprar aquilo que passavam dias e dias, produzindo nas fábricas e nas oficinas.


Assim esta população passava quase todo o seu tempo produzindo produtos para depois comprá-los e os consumir.


Eram infelizes, brigavam nos campos de futebol onde eram levados pelo mesmo processo.


Alguns raros seres humanos escapavam deste processo; Viviam escondidos em florestas; Viviam felizes, em harmonia com a natureza, sem dinheiro, nem rádio, nem TV, nem geladeira. Confiavam num ser maior cuja a natureza lhes proporcionava o conforto essencial...


E não precisa dizer que toda a semelhança com seres humanos atuais será mera coincidência...

Pierre Weil
 

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