Sistema econômico ruindo: à procura do novo.

A minha formação de educador e de psicólogo me manteve bastante longe da compreensão de assuntos econômicos e o que mais deveria fazer seria me manter quieto em vez de dar palpites num assunto pouco familiar. Acontece no entanto que, como qualquer cidadão, estou sofrendo as consequências de um sistema econômico em franco regime de catástrofe. pelo menos tenho o direito de perguntar aos economistas se existe saída para este estado de coisas.



Pelo que entendi até agora é que o nosso Planeta Terra não agüenta mais o consumo exagerado dos países do primeiro mundo. O hiperconsumismo está destruindo sorrateiramente a vida no nosso Gaia.


Paralelamente a isto, o terceiro mundo, situado no Sul do hemisfério tem como maior sonho chegar ao grau de desenvolvimento econômico dos países chamados desenvolvidos.


Em outras palavras: tanto o sistema capitalista como o sistema socialista cometeram o erro fundamental de acreditar num caráter ilimitado dos recursos naturais.


Diante do fato de que os recursos do planeta são limitados, não seria o caso de colocar muito mais empenho nas recomendações do relatório brundtland que introduz um novo conceito econômico de desenvolvimento "sustentável" ou em melhor português "viável"? Mas o que significa viável senão um desenvolvimento que permita preservar a vida? É isto possível? quantos números de automóveis o planeta agüenta?


Não será o caso do Norte começar a limitar o seu consumo dentro do espírito deste movimento de simplicidade voluntária que já envolve milhões de habitantes do hemisfério Norte?


Não seria o caso também de estabelecer critérios de um conforto essencial para todo mundo e mais especialmente para os países do terceiro mundo? Serão os novos índices de desenvolvimento humano (IDH) fomentados pela ONU suficientes para orientar esta tarefa?


Será o "Neo-liberalismo" capaz de assumir esta tarefa gigantesca, mesmo através da limitação dos estragos do capitalismo selvagem, ego-sócio e antropocentrado? Ou teremos de voltar a um dirigismo econômico com o risco de uma nova burocracia ditatorial?


Será que o combate às inflações dos países do hemisfério Sul, tem que passar pelo aumento do desemprego, da fome e da miséria? Para onde vai o dinheiro dos juros?


Quando é que os países do primeiro mundo sairão da sua cegueira e perceberão que estão sendo invadidos, sem guerra nem violência, por milhões de seres humanos do terceiro mundo à procura de emprego e comida? Quando é que perceberão que isto provém em grande parte de dívidas externas impossíveis de serem saldadas? Quando é que chegarão a conclusão de que o "conforto essencial" do Sul é uma condição de sobrevivência do Norte? Não será também o caso do Leste Europeu? Onde tiver pobreza haverá invasão, em geral difícil de ser controlada. Perdoar as dívidas externas não será em parte, um caminho para chegar ao conforto essencial do sul e do Leste?


Há meios econômicos de controlar o aumento populacional? E este aumento realmente é maléfico em última instância, ou haverá meios econômicos compatíveis com o conforto essencial para as novas populações surgidas deste aumento? Será que a Terra está ainda em pleno processo de ser povoada pelo ser humano?

Pierre Weil

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