Quem sabe o que é o amor?

O ser humano vive na busca contínua da felicidade, da realização pessoal, daquilo que dá alegria à vida. Muitas vezes, essa busca acontece inconscientemente, sem planejamento. Entretanto há algo que motiva esta construção no dia-a-dia: o amor.


É realmente o amor que nos faz sonhar com a conquista profissional, com a cara-metade, com a justiça social, enfim, com a auto-realização, mesmo que cada uma delas esteja distante de se tornar realidade. Mas quem pode definir o que é o amor, se cada pessoa possui valores e ideais de vida diferentes? Quem pode garantir que é o amor a panacéia para os males da sociedade?


O escritor Khalil Gibran, no livro Areia e espuma, diz que “O amor que não se renova a cada dia torna-se um hábito, e o hábito, uma escravidão”. De fato, as atitudes humanas retratam os sentimentos que mais se fortalecem no âmago individual. Sendo assim, o amor não se resume aos bons pensamentos e nem às mais belas palavras, mas, principalmente, às ações e atitudes que promovam, com eficiência, a liberdade.


O amor, portanto, não permite um ideal individualista, um ambiente descuidado ou um casamento infeliz. Para que o amor não se torne escravidão, as pessoas devem expressá-lo em todas as circunstâncias, numa perspectiva promissora da dignidade. E isso não é tarefa fácil, mas é a que dá sentido à vida.


Quem ama de verdade se compromete até o último fio de cabelo, pois amar é muito mais que querer; amar é realizar um projeto de vida que prima pelo bem comum e pela felicidade plena, por mais diferentes que sejam as pessoas. É fato, porém, que ao lado de todo amor está um pouco de sofrimento, pois o amor é um sentimento divino que os seres humanos ainda não aprenderam a administrar. Muitas vezes, é por isso que cresce o ciúme, a inveja e a intolerância.


As pessoas precisam compreender que o amor não é mercadoria, não exige nada em troca para existir. Amo porque amo e pronto! O amor é gratuidade, caso contrário não é amor, é egoísmo, é egocentrismo. Quando as vontades individuais falam mais alto, a sociedade não se compromete com as conseqüências, visto que cada um está voltado para si mesmo, fechado em seus desejos, o que gera um acúmulo de malefícios: depressão, xenofobismo, racismo etc.

 
Enquanto as pessoas não construírem uma sociedade onde todos possam caber, amar será sempre um desafio condicionante aos anseios particulares, mas isso não deve ser importante. O que é importante não é visto, não é planejado, é necessário estar leve para atrair o amor, até porque “para amar basta estar distraído” (Guimarães Rosa).


Maicelma Maia Souza,
pedagoga, pós-graduanda em psicopedagogia institucional e
clínica e coordenadora pedagógica no município de Ipiaú, BA.

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